segunda-feira, 24 de junho de 2013

Integração na escola inglesa.



Uma das grandes preocupações de uma mãe é certamente o bem estar dos seus filhos. Inicialmente o plano de emigrar para junto do  marido, estava previsto para o final do ano escolar... mas as coisas alteraram-se. Na altura o D., com 8 anos, andava  na terceira classe em Portugal. E a R., entao com 4 anos, andava na creche. Para o D. o pai teve sempre um papel muito especial, o D.  via-o como um herói e ainda hoje assim é. Com o pai emigrado, ele andava mais inquieto e traquinas. De vez enquando perguntava se ele vinha mesmo, pois o amigo lá da escola tinha o pai em Angola e nunca mais o vira. Felizmente que ele ia verbalizando os seus medos dando-me hipótese de convencê-lo do contrário.

Das três vezes que o pai veio ver-nos, em seis meses, ele sofria de ansiedade e pesadelos antes e depois. A R. não sentiu tanto. Mas acabámos por antecipar seis meses a nossa vinda para Inglaterra.
Emigrámos logo após o Natal, a 27 de Dezembro de 2008. Quando chegámos a Gravesend as escolas estavam fechadas para férias. Passados os feriados das festas natalícias, liguei para um serviço descrito na página da educação do governo (Education Welfare Officer Joynes House) e falei com a senhora responsável pela colocação dos miúdos entre outras coisas, que tratou de saber a idade e a morada a fim de averiguar as vagas nas escolas mais perto. Decorridos 2 dias, fui informada de 2 opções e fui visitar as escolas em questão.
Recordo-me de me terem dito que a R. teria que ir ao wc sozinha. Aqui não acompanham nem ajudam as crianças. Sempre muito simpáticos, explicaram as regras da escola e lá fui comprar a farda da escola. Os dois foram colocados na mesma escola, um no pre-escolar (reception) e outro na quarta classe. Na véspera de irem para a escola, insisti com eles para aprenderem umas palavras de última hora: como pedir para ir ao wc e pedir água. Nem um nem outro falavam o inglês. Eles estavam expectantes, não fizeram fita. Tirei uma fotografia à porta da escola, onde estavam muito sérios, e a minha mãe mais tarde comentou: "Pareciam tão tristes."

Os dias iam-se passando e a R. começava por choramingar, mas dava a mão ao irmão e seguiam caminho. A escola era muito pequena e havia turmas misturadas com graus de escolaridade diferentes. Quando a R. chorava chamavam o irmão à sala dela e ela acalmava-se. Passou-se um mês nisto e aos poucos foi fazendo amizades.  Porém a forma como os pais se apresentavam para ir buscar os filhos à escola, não me agradava. Sentia que aquilo não correspondia às minhas exigências. Às 15h15m alguns pais vinham de pijama buscar os filhos e tinham um ar desmazelado. Mais tarde, confirmaram-me que a zona onde a escola estava inserida não tinha boa reputação. No final do ano escolar recordo-me do D. ter recebido £25 por ter sido um aluno assíduo.

Posso dizer que, o receio de que eles nao se adaptem  é maior que a realidade. Eles são novos e absorvem tudo o que os rodeia com muita facilidade. A vontade de brincarem e interagirem com os outros da mesma idade, revela-se como um ponto muito positivo no seu crescimento, e a língua é aprendida rapidamente.

Estima-se que um estrangeiro fica ao nível de uma criança nativa ao fim de um ano e meio. Hoje os professores do D. confirmam que estão muito orgulhosos dele, que nem mesmo muitos ingleses aprendem com a facilidade dele e conseguem fazer um trabalho tão bom. A R., ao fim de um ano de permanência aqui, uma das professoras disse que não sabia que ela era estrangeira pois tinha um sotaque muito bom.

Hoje, passados quatro anos e meio, dizem que não gostariam de voltar a estudar em Portugal, estão completamente adaptados. Mantêm algumas amizades lá, mas também as têm aqui.

https://www.gov.uk/schools-admissions/applying